Eu tinha
sete anos. E apesar de se terem passado mais de trinta anos, lembro-me daquele
dia em detalhes.
Logo pela
manhã, papai colocou-me no carro e, sem me dizer aonde íamos, dirigiu longo
tempo em direção ao Alentejo, de onde era originário, parando na área rural de
Elvas.
O sítio no
qual parou era um criadouro de ovelhas.
Após descer
do carro e cumprimentar o proprietário, disse-me:
− Escolha
uma!
Fui
colocado em um cercado com dezenas de ovelhas ainda novas. Enquanto papai
conversava com o criador das ovelhas, fui brincando com elas e acabei por me
afeiçoar a uma em particular, que brincava comigo forçando sua cabeça contra
meu corpo.
Quando
papai perguntou-me qual eu havia escolhido, não tive dúvidas e apontei a minha
preferida.
Pensei que
a levaria para casa, mas papai combinou com o proprietário para que a
entregasse no sábado seguinte em casa, completando:
− Domingo é
aniversário aqui do miúdo!
Chegado o
domingo, à hora do almoço toda a família posta à mesa, mamãe entrou na sala de
jantar com uma grande travessa com um assado. Os convidados aplaudiram. Papai,
então, disse-me:
− Eis a
ovelha que escolheste!
Naquele
dia decidi-me a ser vegetariano. E descobri que o amor às vezes pode ser
perigoso.
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